Dois séculos e meio. 260 anos. Tem ideia de quanto tempo é isso? É certo que nem eu, nem você estaremos vivos quando esses anos passarem. Mas, acredite ou não, esse é o tempo estimado para que nossas crianças alcancem o nível de leitura dos países desenvolvidos. O diagnóstico parte de uma análise recente do Banco Mundial a respeito do desempenho do Brasil no Pisa (avaliação internacional de aprendizagem aplicada pela OCDE).

Ficou chocado? Pois o quadro é ainda mais preocupante se considerarmos que, de 2009 para cá, o Brasil vem caindo nos resultados de leitura, matemática e ciências — conhecimentos fundamentais para a autonomia plena desses jovens e para o desenvolvimento do País. Olhando mais atentamente para a situação da matemática: quase 70% dos nossos estudantes de 15 anos sabem menos que o básico na disciplina. E mesmo os nossos melhores estudantes não conseguem atingir bons resultados, ficando atrás dos piores alunos dos países desenvolvidos.

O que tudo isso quer dizer? Que devemos ser obcecados pela QUALIDADE da Educação desde o início do processo educacional: não basta estar na escola, é preciso aprender. Nossa garotada foi quase toda incluída no sistema escolar, mas ainda está suando para se apropriar dos conteúdos.

Os países que já venceram esse desafio deixam a lição: se o Brasil quiser bons resultados de aprendizagem, é preciso enfrentar as grandes desigualdades educacionais. Um estudo da OCDE, também com base no Pisa, mostra que só 2% dos nossos estudantes pobres têm desempenho considerado suficiente para uma “vida com oportunidades de aprendizagem”. Nas nações desenvolvidas, esse indicador é 10 vezes maior (25%).

A sensação geral é a mesma entre todos que escutam esses diagnósticos: estamos atolados em um pântano que nos prende no subdesenvolvimento e mata aos poucos o poder da aprendizagem. Mas não podemos perder as esperanças. A boa notícia é que há maneiras de sair desse atoleiro e elas são conhecidas — e reconhecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE), nossa bússola rumo a um norte educacional melhor. O que é urgente (e que precisa estar na cabeça de todo mundo) é estabelecer um pacto nacional em torno de uma Educação de qualidade, construindo com diferentes segmentos da sociedade iniciativas que garantam as oportunidades de nossas crianças e jovens.

Agora é tempo de agir. Quanto antes enfrentarmos este desafio, mais sonhos poderão se tornar realidade. Nossas palavras de ordem devem ser compromisso com a Educação e oportunidades de qualidade para todos. É isso que trará desenvolvimento para nossas salas de aula, para as nossas vidas e para o Brasil.

* – Texto originalmente no Medium do movimento Todos Pela Educação, em 19 de março de 2018